Não me vejo mais no espelho
Claro, ainda vejo o rapaz de cabelo crespo. barba por fazer e olheiras que minha mãe jura serem por dormir tarde. Ninguém sabe que ato apagar das luzes é o gatilho para lágrimas escorrerem dos meus olhos.
O pior não é nem chorar porque aquela menina me rejeitou. Longe disso! Também nem sei se eu amo alguém ou se realmente já amei.
Quando a gente chega perto dos 30 vai passando um filme na sua cabeça e sempre paro nisso: relacionamentos amorosos.
“Sou poeta e não aprendi a amar”
A pessoa que eu mais quis na vida hoje nem fala mais comigo. Observem bem: que eu mais quis, não sei se a amei.
As outras que vieram eu encontro todos os dias em minhas poesias românticas e tristes ao mesmo tempo, encontro nos lugares que eu frequento e penso “fulana gostava daqui” ou sempre as encontro nas músicas depressivas que me trazem péssimas lembranças e que faço questão de ouvir diariamente.
É uma coisa bem irônica que chega a me soar errado, sabe? Tenho mais de 600 textos românticos postados por ai, fora os que não divulguei, e no final me sinto solitário pra caralho. Não consigo entrar no instagram e ver os casais felizes e pensar: “e eu, nunca vou ter isso?”
Cansado de ver demonstrações públicas de carinho que quando eu era criança abominava e hoje eu olho ainda com nojo, às vezes, e com um pouco de inveja, sempre.
É frustrante saber que o que eu escrevo em versos, poesias e contos muitos vivem na realidade e eu nada. A ambição em escrever, lançar um livro, ser famoso e caralho a 4 vai sendo minada dia a dia.
Ao mesmo tempo que eu ouço que é errado se comparar ao capítulo de outra vida das pessoas eu entendo que no meu caso deixamos de virar as páginas tem tempos e ninguém vai pegar a caneta e o papel e terminar este caso perdido aqui.
Não me vejo mais no espelho
Nem por fora e nem por dentro.
28.01.2022