“Nós utilizamos reticências e não ponto final”. Foi nisto em que pensamos ao nos esbarrarmos por aí, de repente. Após três anos de uma história nunca resolvida. Ressentimentos aqui, mal entendidos acolá. Um pedido de desculpas desengonçado. Eis que a pausa foi insuficiente para nos aquietar: era o primeiro amor.
Vorazes um pelo outro, mergulhamos neste novo tão familiar. Entrelaçamos nossos cotidianos, ansiosos por mostrar tudo que aconteceu quando não estávamos juntos. Você, com a mesma risada escapando dos lábios ante as minhas divagações. Eu, com meu dengo de menina mimada agora ligeiramente dissimulado.
Estamos iguais, você brinca. E eu acho graça por não saber bem como responder. Conto que gravei na memória tua voz, teu desenho, e muito me admirei ao esbarrar em minha lembrança materializada. Você confessa que se aproximou por me achar mais bonita agora, e me ressinto por essa falta de tato.
Os dias passam. Sua sinceridade me dói. Meu jeito lúdico, quiçá piegas, o incomoda. Embruteço-me um pouco, me engano dizendo que é hora de crescer. Então você me diz que ando mudada. Rio, porque sei responder. Nós é que nos idealizávamos.
Autora: Samyle S.