Pode se sentar aqui, por um minuto?
Não, eu não estou bêbada… sei que não te conheço.
Quer dizer, podemos ter nos esbarrado em algum momento nessa festa, posso até ter sido apresentada a você… mas, no fim, não importa.
Porque amanhã eu quero ter me esquecido disso tudo.
Não leve para o lado pessoal é só que foi essa noite que eu descobri a extensão do estrago que ele fez.
E não, não sorria com esse sorriso típico de quem pensa que toda boa história de amor tem um ‘ele’.
Porque essa, definitivamente não é uma história de amor… o amor não vive de si mesmo, quando grita e não tem resposta ele se afoga…
Ele me afoga.
A antiga ‘eu’ teria amado tudo isso. As luzes, as risadas, o som das taças durante os brindes… teria tirado os sapatos de salto só pra aguentar dançar mais um pouco e até criaria uma queda por você, esse gentil estranho que me olha como se entendesse. Sentado aqui com uma estranha não tão gentil para qual ainda olha com certo receio.
Entenda que, ás vezes é mais fácil falar com um gentil estranho que não tem conexão emocional com você, que não vai tentar te animar com algo clichê, que vai ouvir impassível tudo o que você tem a dizer…
Que também vai te esquecer.
Não me olhe assim, eu falei sério antes; não bebi. Já ouviu dizer que ninguém nunca encontrou a resposta para seus problemas no fundo de um copo? Então por que raios eu repetiria a busca?
Eu sei exatamente onde minha resposta está; do lado errado da cidade com a garota errada.
Mas eu tenho fé que quando ele perceber isso eu já terei esquecido… oh, o doce esquecimento.
Porque esquecer dói menos.
Dói menos do que esperar por aquilo que todos os filmes e livros plantaram a semente na minha cabeça; que ele virá no último segundo para mudar tudo, para fazer todo o resto valer a pena.
Hoje eu percebi que ele não só tirou a graça do amor, mas de todo resto.
Hoje decidi que ele não me tirará mais nada.