E ela espera por ele.
Não sabe bem porque.
Mas, ela continua.
Não que ele tenha pedido. Não que ele o mereça.
Mas, ainda assim, seus braços permanecem estendidos no ar; uma eterna recepção a ele, sempre esperando o momento… porque ele sempre volta.
Seus olhos, acostumados a repreender as lágrimas que teimam querer se libertar quando ele fala de outras garotas e amores, também o aguardam. Como os olhos de uma serva ao seu senhor.
Para quando ele precisasse dela.
Permanecia ali para, quando o resto do mundo deixasse de fazer sentido para ele, ela continuasse a ser o que permanecia. O que pertencia a ele e sempre pertenceria.
E ele voltava, sempre que o mundo pesasse em seus ombros e se entregava nas delicadas mãos dela. Seu guerreiro precisava ser curado.
Então, ela deixava que ele adormecesse em seus braços e fantasiava com um mundo no qual ele também a salvasse ás vezes.
Desenhava ‘futuros’ para os dois sobre os quais ele jamais saberia, se entregava cada vez mais a esse triste amor a cada vez que o via…
E se deixava morrer um pouco quando ele saia do casulo do seu amor, se sentindo forte o bastante para voltar a viver.
E então ela trancava a porta, chorava e prometia a si mesma que jamais o deixaria entrar novamente. Que ele jamais pisaria em seu amor de novo mesmo que ele sequer suspeitasse de sua existência.
Mas, logo ela se arrependia, corria até a porta e a deixava entreaberta e, naquela fresta, havia um novo convite pra ele.
E secretamente pensava e até mesmo aceitava que morrer de amor era seu destino.
Como eu queria dizer a ela que ela merecia muito mais do que esse amor em migalhas que ela recebia.
Que alguém que se doava tanto, que se doía tanto, que se entregava tanto… tinha muito mais amor a receber.
Que estava na hora de parar de esperar.
Um autor disse uma vez que aceitamos o amor que achamos merecer… talvez seja isso que a ‘aprisione’ nesse vício que ele representa. Talvez seja isso que a faça esperar e esperar, sem receber nada em troca porque julga não merecer mais do que isso; um amor eternamente em migalhas, eternamente unilateral…
Como convencê-la de que não é possível que ela tenha amado tanto, até agora, pra nada?
Talvez seja algo que ela tenha que descobrir sozinha.
Só ela poderá por fim a sua própria espera…
Ela tem o poder de salvar a si mesma.