"Transbordando sentimentos puros em palavras"
Eu queria que tivesse dado certo, sabe?
Isso de eu tentar fazer você se apaixonar por mim.
Queria que você tivesse visto algo que realmente amasse em mim e que isso desculpasse todos os defeitos que restariam.
Queria que tivesse visto algo que o fizesse parar e pensar “É ela.”
Queria ser a garota a quem você apresentarias ás pessoas chamando de sua.
Eu queria… tanta, tanta coisa.
Acho que esqueci que expectativas só trazem insônia e maquiagem borrada.
Acho que esqueci que minha especialidade é amor não – correspondido.
Esqueci
que, no fim, isso é sempre tudo o que resta: eu, escrevendo
furiosamente para alguém que jamais irá ler, tentando manter a fé.
Tentando me manter em pé.
Não importa em quantos pedaços eu esteja.
Porque é isso que a vida pede de nós, não é?
É o que ela se mantém sussurrando em nosso ouvido dia após dia:
– Continue em movimento.
O mundo não para pra você ficar bem.
Continue, continue em movimento…
Mesmo que, emocionalmente, se sinta de joelhos.
Já pode parar de gritar o nome dele, Amor… ele já se foi.
Dizem que, saudade é o que fica quando você, o Amor, vai embora… então por favor, que seja só saudade.
Porque amá-lo por mais um segundo, sem que ele me ame de volta, é tortura.
Talvez não faça sentido algum mas, eu tenho essa ideia fixa, de que se esse amor se resumisse a saudade… talvez eu estivesse um pouco mais perto do ponto final de que preciso.
De que se fosse só saudade, saudade da gente e de quem éramos juntos, isso acabasse se compactando em lembranças e então eu pudesse ‘nos guardar’ em algum lugar da minha mente, longe o suficiente do meu coração para não parti-lo diariamente.
Talvez assim você habitasse minha mente menos nocivamente, talvez assim fosse menos intenso… fosse menos Amor.
Queria que fosse só sentir saudade… mas, como diria Renato Russo; tem sempre algo mais.
Eu só quero que acabe, que finde… que vá embora com você, se tiver que ir.
Entre as opções que tenho, escolho saudade. Escolho amor com menos intensidade, escolho adeus que não leve uma parte de mim… escolho ficar com nós dois aqui enquanto você vai embora.
Escolho a gente e o que já fomos.
Escolho sentir saudade do que era bom ao invés de amar o que não é mais meu.
E, talvez soe egoísta eu sei… mas, talvez também seja aquilo de nós insistirmos em confundir amor-próprio com egoísmo algumas vezes sem saber que, há momentos, em que amor-próprio é a única coisa que te faz seguir em frente.
Talvez não inteira, talvez não completamente feliz… ainda. Mas, com a certeza de que você vai ficar bem.
Com a certeza de que você e esse tal de Amor farão as pazes um dia… que você vão se esbarrar de novo e que dessa vez você vai se conhecer melhor – vai se ver melhor – e vai estar preparada. Que seus sentimentos estarão nos lugares certos, serão dados as pessoas certas.
E talvez você ainda vai carregar essa saudade, de pessoas e de coisas, mas… tudo bem. Acho que essa é a única bagagem que a gente leva no fim; as pessoas que tocaram e foram tocadas por nós em nossas vidas. E não é ruim. Não é um peso a mais ou algo assim, quando se carrega pessoas dentro de si. É a vida acho… e é aterrorizante, paralisante e dolorida.
E, de algum jeito misterioso, consegue também ser maravilhosa ao mesmo tempo.
Você vai encontrar esse outro canto onde, Tati Bernardi disse uma vez; seu amor renascerá lindo e puro… imaculado.
É aí onde sua história realmente começará.
Pode se sentar aqui, por um minuto?
Não, eu não estou bêbada… sei que não te conheço.
Quer dizer, podemos ter nos esbarrado em algum momento nessa festa, posso até ter sido apresentada a você… mas, no fim, não importa.
Porque amanhã eu quero ter me esquecido disso tudo.
Não leve para o lado pessoal é só que foi essa noite que eu descobri a extensão do estrago que ele fez.
E não, não sorria com esse sorriso típico de quem pensa que toda boa história de amor tem um ‘ele’.
Porque essa, definitivamente não é uma história de amor… o amor não vive de si mesmo, quando grita e não tem resposta ele se afoga…
Ele me afoga.
A antiga ‘eu’ teria amado tudo isso. As luzes, as risadas, o som das taças durante os brindes… teria tirado os sapatos de salto só pra aguentar dançar mais um pouco e até criaria uma queda por você, esse gentil estranho que me olha como se entendesse. Sentado aqui com uma estranha não tão gentil para qual ainda olha com certo receio.
Entenda que, ás vezes é mais fácil falar com um gentil estranho que não tem conexão emocional com você, que não vai tentar te animar com algo clichê, que vai ouvir impassível tudo o que você tem a dizer…
Que também vai te esquecer.
Não me olhe assim, eu falei sério antes; não bebi. Já ouviu dizer que ninguém nunca encontrou a resposta para seus problemas no fundo de um copo? Então por que raios eu repetiria a busca?
Eu sei exatamente onde minha resposta está; do lado errado da cidade com a garota errada.
Mas eu tenho fé que quando ele perceber isso eu já terei esquecido… oh, o doce esquecimento.
Porque esquecer dói menos.
Dói menos do que esperar por aquilo que todos os filmes e livros plantaram a semente na minha cabeça; que ele virá no último segundo para mudar tudo, para fazer todo o resto valer a pena.
Hoje eu percebi que ele não só tirou a graça do amor, mas de todo resto.
Hoje decidi que ele não me tirará mais nada.
Eu só quero que você saiba… não é assim que nossa história termina.
Que podemos muito bem morar em lugares opostos do planeta… mas, ainda vamos permanecer na vida um do outro.
Que ainda seremos parte um do outro.
Que mesmo que a gente nunca mais se fale eu ainda vou lembrar o tom exato da sua voz e o modo como ela faz com que eu me sinta. Que podemos nunca mais nos ver, mas eu ainda vou me lembrar de como minha pele aquecia sob o seu olhar e do quanto eu jamais pensei que superaria essa sensação.
Do quanto pensei que jamais superaria você… ou nós.
Eu só quero que saiba que jamais pensei que conseguiria te dizer que está tudo bem. Que realmente está tudo bem você ir embora e continuar morando na minha mente e em partes do meu coração… mas, é que agora eu entendo que eu não posso exorcizar nossas lembranças porque elas são forte demais e que elas não são de todo ruins.
Que eu posso muito bem tentar trancá-las em uma caixa no fundo da minha mente, mas elas ainda estarão ali e quando eu menos esperar elas despertarão… e será pior se eu não tiver aprendido a conviver com elas.
Eu só quero que você saiba que o fato de eu seguir em frente não significa que quero abandonar nossas lembranças.
Mas sim, que estou pronta para criar novas.